Cacimbo
Ao longe a sanzala iluminada de sonhos
As minhas pernas arquejam na sombra das palancas
E nas ondas da tempestade
Cansa-se a manhã acabada de nascer
Deito-me enrolado ao capim
Coloco as mãozinhas no peito
E em sorrisos intemporais
Oiço o mar que me chama
O mar que me ama
Cacimbo
Escondo-me nas árvores que dormem junto à Baía
E sentado numa cadeira
Conto religiosamente todos os carros que me olham
Sinto o cheiro impregnado na pele da ilha do Mussulo…
E nos meus lábios prende-se um cigarro
O cigarro que me dá vida e ilumina
Quando chega a noite
As luzes da cidade abrem em pequenos silêncios os olhos
E o cacimbo entra-me no corpo e amolece-me os ossos…
Luís Fontinha
7 de Junho de 2011
Alijó