E nas árvores os meus braços suspensos
Da manhã cansaços da manhã em desalentos
O meu corpo evapora-se nas nuvens em silêncios
E do meu peito em cinza acorda a dor
A vontade de morrer
Diminuir tenuemente nas sombras da cidade
Que este corpo não sente este corpo diluído na saudade
E mergulhar no oceano imaginário dos meus olhos
Pegar nas palavras e projecta-las na parede da solidão
Abraçar-me aos ponteiros de um envelhecido relógio
Gritar no escuro engasgado nos embondeiros
E junto ao mar em desassossego…
O mar engole-me dissolvendo os meus ossos em pó
Dentro de mim só sílabas empoleiradas no sorriso das gaivotas
E nas árvores os meus braços suspensos
O meu corpo que finge estar vivo.
Luís Fontinha
18 de Junho de 2011
Alijó