Os outros têm tudo
Eu não tenho nada
O céu tem estrelas
Eu, uma mão magoada.
Mão minha cansada
No meu corpo de xisto envenenado
Os outros têm tudo
Eu, uma enxada na sombra do arado.
Os outros têm tudo
Eu não tenho nada
Da noite a lua que me olha
Eu, uma flor no chão tombada.
Pisada por aqueles que têm tudo
Eu, não tenho nada
Tenho palavras semeadas na água
E sílabas no desejo da madrugada.