É nos teus olhos de literatura
Que dou vida a uma personagem fantasma,
Ainda não tem nome,
E não sei se é homem ou mulher,
Mas sei que nos teus olhos
Escrevo textos ao fim da tarde,
E no teu sorriso
Colo as sílabas que sobejam…
Estás linda!
É nos teus olhos de literatura
Que sacio a minha fome,
E quando me deito
Fecho-os com a minha mão
Como se fossem pergaminhos antiquíssimos,
Tu, sorris para mim,
Eu contemplo os teus olhos de literatura
À medida que escondo o meu corpo
Nos lençóis em silêncio…
Lá fora lágrimas de saudade
Invadem o meu jardim,
Porque tu, com os teus olhos de literatura
Amacias as cores que me atormentam na escuridão,
E da janela as chamas do desejo
Chamam-nos; a mim e aos teus olhos de literatura.
Luís Fontinha
11 de Março de 2011