O olhar de mim quando a ribeira se abraça ao rio,
E na cidade os automóveis em combustão acelerada,
A minha mão procura na algibeira as pequeníssimas moedas para o café, e o café em lista de espera, consulta só daqui a três meses e vá tentando,
- Uma vez duas vezes três vezes eu farto de tentar,
E se eu desistisse?,
Das moedas do café e da consulta, definitivamente não, nos óculos remelados os olhos que me impingem remédios milagrosos para as lombrigas para os bicos de papagaio para a próstata para os intestinos para a solidão, e o milagre para mim apenas meia dúzia de moedas, um trabalho,
- E nada mais do que isso,
Cabrões,
A minha cabeça estoira como rocha embainhada na dinamite do cansaço, e quando o cordão umbilical se debruça sobre as minhas mão,
- PUM a cabeça impressa na parede em ruínas e o borrão de tinta que sorri na tela,
A cidade empurra os corpos emagrecidos para o mar,
E o cheiro intempestivo dos cadáveres à procura de moedas para o pequeno-almoço, FECHADOS PARA DESCANSO DE PESSOAL,
- Um café e meio bolo e a sombra com a ardósia na mão, não vendemos meios bolos, ou bolo inteiro ou nada,
Nada,
Espero de amanhã,
Porque os dias são todos iguais, excepto na roupa que trago vestida,
- Traga-me só o café,
Cinquenta e cinco cêntimos de taxa moderadora,
E quando terminava a aula de trabalhos manuais construía bolinhas de barro e pumba aos cornos do papagaio da tasca decrépita,
- FILHO DA PUTA CABRÃO,
Consulta daqui a três meses e venha em jejum,
Eu sempre devido ao colesterol da vida, para as lombrigas para os bicos de papagaio para a próstata para os intestinos para a solidão,
- Tem alguma coisinha para a falta de moedas,
Não, não tenho nada,
E se eu desistisse?,
Levantar-me do sofá, despedir-me das fotografias penduradas na parede, e em meia dúzia de voltas sobre o eixo de rotação do meu corpo desligar o interruptor do candeeiro e, e cruzar o braços…