Se o teu corpo é de chocolate,
Vou comê-lo,
Vagarosamente no silêncio dos patos bravos, vagarosamente as tuas pernas que caminham na sombra das estelas, o esvoaçar dos saltos dos teus sapatos quando o passeio se cruza com a estrada, e um automóvel os meus olhos em máximos no teu corpo de perdiz à procura de palavras e eu na peugada do chocolate das tuas mãos,
- Os teus olhos brilhavam no escuro,
Acendiam-se e apagavam-se como o folhear de um livro poisado no banco de jardim,
Desisto, não me apetece escrever mais,
E o teu corpo de chocolate evaporou-se em Belém numa manhã de sábado, e por entre a feira de velharias os meus olhos pregaram-se a um boné de militar da antiga URSS e não o comprei porque parecia-me demasiadamente velho e usado, e porque deixei de acreditar,
Não me apetece escrever mais,
Hoje não,