Esconde-se nas árvores da manhã
O corpo esfomeado da noite
As sílabas em palavras impressas na sombra
As palavras que se cansam na algibeira,
Em pedacinhos de papel as pétalas
Na garganta das nuvens
Vem chuvinha
Vai embora a névoa dos seus olhos,
O corpo argamassado no telhado da dor
Vacila e não cai
O vento que escorre da manhã
As árvores do seu peito entaladas no desespero,
- “Esconde-se nas árvores da manhã
O corpo esfomeado da noite
As sílabas em palavras impressas na sombra
As palavras que se cansam na algibeira,”
As árvores do seu peito ramos de seda
Nos cortinados das horas intermináveis
O orgasmo das palavras que a algibeira esconde
E se misturam com os restos de cigarros em solidão,
O corpo defecado na retrete da vida
Afunda-se como um cagalhão atirado pela janela
Sorri e sorri e sorri…
E despede-se com um olhar das árvores da manhã.