Odeio o mar
Quando cabeceia contra a maré
E um finíssimo pingo de cabelo
Enrolado nos peixes
Os bracinhos pregados ao corpo
As barbatanas de asas
Suspensas nas rochas de areia
E dos lábios desprende-se um Ai…
Que no silêncio do fundo do mar
Finge-se de sombra
Pétala abandonada de rosa vadia
Sem casa para morar
Nem porto onde atracar
Odeio o mar
Quando cabeceia contra a maré
E a minha mão se afoga como um corpo desiludido
Com as teias de aranha
Cansado das ruas da cidade
Como um corpo sem fé
Quando o mar cabeceia contra a maré…