Despeço-me da vida
Com o sorriso das flores
Nas lágrimas das nuvens
No leito dos amores,
Nas árvores parvas que me querem abraçar
E onde poisam pássaros loucos
Esfomeados
Cansados de silêncios poucos,
A água emagrecida da ribeira
O frio inerte do xisto
E olho o meu corpo na espuma da tarde
E fico na dúvida se existo,
Respiro e os meus olhos caiem na terra
Húmida e cansada das horas perdidas
Do sol junto ao mar
À procura de gaivotas esquecidas,
Despeço-me da vida
Dos pássaros e dos sorrisos parvos do anoitecer
Abraço-me à árvore do meu quintal
E percebo que não posso desistir de viver…