A manhã sonâmbula miséria
As moedas que escasseiam na algibeira
A pressão e dor na artéria
A água fresca da ribeira
A camisa ausente do quarto emagrecido
E das calças as gaivotas presas nos tornozelos
O meu corpo cansado e dorido
Em fios de nylon em novelos
A manhã sonâmbula miséria
E as nuvens de algodão
Despendem-se da matéria
O meu corpo esconde-se na fachada da casa
E com três moedas suspensas na mão
Derrete na lareira em brasa.