O mar onde navego
Enfurecido poço de miséria
Os meus braços cessam na sombra de uma nuvem
E os meus dias perdem-se no cansaço dos barcos
Nos anzois da garganta
O vento entope-me os pulmões de areia
E no sal da água o meu corpo flutua
Numa dança de nevoeiro
Cigarros que me entram na boca desesperada
E na cinza brinca uma criança à sombra de uma árvore
Triste e magoada
Com fome e sede e vontade de acordar
O mar onde navego
Enfurecido poço de miséria
E do lodo da noite
Emerge a tua boca em pedacinhos de nada…