Nos anzois da tarde
Os fios de seda em olhos magoados
O cansaço dos lábios na silaba humedecida da boca
E a palavra que jorra em corpos deitados,
O texto emagrece e funde-se na noite
Como rosas na mão de uma gaivota donzela
Os papéis amarrotados dos seios dissipam-se
E o fumo das estrelas entra pela janela,
A lua agachada no soalho
E acaricia o rodapé ensanguentado
Os fluxos de vapor das rosas
Quando sobre a cama dorme o espelho cansado,
E as palavras escrevem-se no espelho
Da tinta colorida do púbis amolecido
Começo a ler o texto
E ouço os ais de um corpo dorido,
Só a noite poderá salvar o texto
Quando a água límpida da ribeira
Absorve o suor das vogais
E a montanha se deita à minha beira.