(À Sara)
Quando o rio nos engole no amanhecer
E os socalcos mastigam-nos os braços
Quando o xisto começa a emagrecer
Em teus olhos baços
Em teus lábios os beijos da madrugada
E o poema poisa na tua mão
Vem o rio à procura da alvorada
Vai o rio beijar teu coração
E tu deitada
Submersa nos lençóis da dor
E à janela pendurada
A noite dispersa no luar
O teu corpo transforma-se em flor
E a tua sombra em ondas do mar.