Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Jul 11

O desespero do esqueleto

Suspenso nas margaridas e nos malmequeres e nas tílias da vida,

 

A noite bate à porta secreta dos óculos poisados na mesa-de-cabeceira, o esqueleto pendurado no guarda-fato disponível para se transformar em pedacinhos de poeira, e o néon de esperma derretido sobre as nuvens, cânforas manhãs de espuma sobre a toalha de plástico que adormece na cozinha, abre-se a porta, e um amontoado de palavras que fugiram do texto, pousam-se nas lentes, e pensam, entramos, não entramos, decidem entrar e esconderem-se nos meus olhos, e os meus olhos cegam-se na luz infinita dos eletrões encaixotados nas finíssimas vogais das palavras,

 

Fecho a porta secreta dos óculos, chamo pelo macio pano de seda e humedecido nas lágrimas das silabas acaricio-lhes o vidro das janelas, poiso-os novamente sobre a mesa-de-cabeceira e adormecem, é meia-noite e todos em casa dormem; O desespero do esqueleto suspenso nas margaridas e nos malmequeres e nas tílias da vida, e a vida extingue-se no fumo dos cigarros.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 16:58

Julho 2011
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