As poucas palavras que existiam em mim
Começam a extinguir-se dentro de uma caixa de sapatos
As silabas e as vogais e as flores
Morrem e os pássaros caiem do céu
As estrelas cessam de brilhar
E o sol desfaz-se na manhã em pedacinhos
As árvores desistem da terra
E tombam no silêncio…
A noite acorda e fica sempre noite
O mar perde a ondulação
E os barcos afundam-se como o xisto lançado da montanha
A minha mão deixa de acariciar o teu rosto
E o meu corpo evapora-se no infinito
Misturado com cinza de cigarro e arrotos de vodka
A janela fecha-se para sempre
E deixo de ver a luz
As poucas palavras que existiam em mim
Começam a extinguir-se dentro de uma caixa de sapatos
E percebo o erro de ter nascido
E quando me é perguntado o que tenho a dizer em minha defesa…
– INOCENTE excelência, INOCENTE.