De espingarda apontada à cabeça
Acredito que esta pode encravar,
Não tenho medo de passar fome
E viver miserável
Mas não rastejo aos pés de palhaços
Nem tão pouco ignorar meu nome
Vivo saudável
E abro os braços,
Chega senhores…
Chega de tanta tristeza
Chega de tanto envergonhar
E não há pior beleza
Que no chão rastejar,
Pobres doutores
Pendurados em castiçais
E não há alma que não esqueça
Os uis e os ais
E destreza
De pássaros que não podem voar…
Pobres pardais,
Não me vergarei
E só digo sim quando me apetecer…
Porque desde que aqui cheguei
Há muito muito tempo
Esta terra tinha vento
E agora… agora só tem almas a morrer.