O sargaço da manhã
Quando o rio entra-se-me na algibeira
Fina e cansada
Nas calças sonâmbulas e esfarrapadas
E do silício da madrugada
Um fio de luz poisa na minha mão
A manhã em pedacinhos de nada
E o rio que saltita nas calçadas
Engole barcos com dor
E no sargaço da manhã
Uma árvore despida e em lágrimas
Abraça-se a gaivotas ancoradas
Deitam as asas na ténue manhã dos sargaços
Engolem saliva a prestações
Cospem desejos nas ondas do mar
E diluem-se na espuma das palavras…