Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

06
Ago 11

Não sou, nunca o fui, e nunca o serei, escritor e poeta,

 

Sou um miserável que todos os dias ao acordar abre os olhos e abraça-se na sombra do quarto, olho o espelho e pergunto-me Como será hoje o dia?, ninguém me responde e enquanto me desenrolo dos lençóis entram em mim as lâmpadas acesas no teto do céu, volto a perguntar-me E hoje, como posso chegar vivo quando acordar a noite?,

 

E claro que há sempre formas simples de sobreviver, cravar um café a um amigo enquanto conversamos de política, literatura ou apenas de silêncios, ou apenas de nada, e na digestão de dois ou três cigarros um maço de pura lã virgem aprece sobre a mesa, Este é oferta da casa!,

 

E dou-me por feliz porque às onze da manhã ainda estou vivo,

 

E mais um pouquinho em mistura de pequenas manobras de sobrevivência tenho todas as condições de quando chegar à cama voltar a olhar o espelho do quarto e segredar-lhe E assim se passou o dia, consegui!,

 

Visto o pijama e pego em Lobo Antunes, despeço-me da miséria e entro na ficção, e durante uma hora esqueço a minha vida, fecho pausadamente o livro, olho-o e digo-lhe Obrigado pela companhia e por me manteres vivo!, e levanto-me,

 

Adormeço o livro sobre a secretária ao lado do cachimbo de água, cerro a porta da biblioteca para que os sons dos meus sonhos não os perturbem, vou à casa de banho e sento-me no bidé, e enquanto assassino o último cigarro da noite olho para o mar que adormece dentro da sanita, e pergunto-lhe,

 

E amanhã, Luís, como será amanhã!

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:31

Agosto 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO