O azul do céu escoa-se pelas entranhas das portas.
Ao fundo do corredor uma janela
Uma saída para a felicidade,
Milímetro a milímetro a luz natural das coisas
Despede-se na noite,
E do meu corpo crescem abelhas.
Tenho um espelho no meu quarto
Com cinco esquinas diferentes,
Com três sombras desenhadas.
O azul do céu escoa-se pelas entranhas das portas
E as portas ceradas,
E no corredor passeia uma gaivota
À procura do silêncio da lua,
Preciso de me esconder pelas frestas da solidão
E as frestas cerradas,
E das portas, também elas cerradas,
Os gerânios
Que se ajoelham aos meus pés,
Nada tenho para lhes dar…
Apenas lhes dizer (- também estou só!).
Luís Fontinha
18 de Março de 2011
Alijó/Portugal