Procuro-me dentro de uma caixa de mar
E pequenas partes de mim morreram
Pedacinhos de ondas amarrotadas na maré
E o meu cadáver que morre sem cessar,
Perdi a fé
Quando alguém tampa a caixa com o céu
E fico eu, e fica o mar, e ficam as estrelas…
Dentro da caixa em papelão de fim de tarde,
Procuro-me
Desencontro-me do perfume das abelhas em flor
E a tarde nos teus olhos arde
E incendeia o orvalho do amor,
Procuro-me dentro de uma caixa de mar
Infinita e escura
Cansada de amar
Cansada das noites de amargura,
E nasce em ti o silêncio do luar
E nas minhas mãos poisam as estrelas envenenadas
Tristes como a manhã ao acordar
Nos pedacinhos de ondas amarrotadas…