Dálias, margaridas e malmequeres
Suspiros e silêncios ao anoitecer
As nuvens em pedacinhos de algodão
Na manhã a chover,
Os rabelos que sobem o Douro
E os socalcos pregados no meu olhar
Dálias, margaridas e malmequeres
Que procuram o mar,
E poiso-me sobre o xisto da madrugada
Puxo dos cigarros e adormeço
Canso-me do rio e canso-me do céu
E de mim me esqueço,
Folheio a enxada pesada da vida
E um verso entra-me pela garganta
Olho o rio apenas por olhar
E o meu corpo do chão levanta,
Sobe até ao sol
E transforma-se em poeira
Este rio e estes socalcos
Nos olhos de uma videira…