Quando o ontem
Se desfaz em pedacinhos
E pela manhã
O hoje renasce do papel retalhado
Quando o ontem
Em ondas de espuma
Contra as rochas da impaciência
E amanhã procuro nas cinzas
Os pedacinhos de hoje
A brancura das nuvens
Sobre os plátanos suspensos nos meus olhos…
Quando o ontem se despediu do meu corpo
E hoje encarna na sombra o amanhã
Sem cansaços
Com a força dos teus olhos
Dos dias que finjo estar feliz…
E desejo os teus braços
Os teus lábios em delírio e fúria de mar
Quando o ontem se afundou na tua cama
E o hoje acorda na tua boca
E vejo o sorriso mais lindo
O céu brilhante que me entra pela janela
Quando o ontem em pedacinhos
Se despediu dos braços dela.