A espuma dos lábios da noite
Quando o céu se cansa do silêncio
A espuma encastrada nas arcadas das estrelas
E uma criança brinca na areia
A espuma dos lábios da noite
E do vento vem a maré
Bate nas rochas da solidão
E a espuma desfaz-se em pétalas
E uma abelha suspende-se numa árvore
Pássaros abraçam-se aos candeeiros anémicos
E putrefatos da cera engasgada nas minhas mãos
O mar extingue-se e os barcos cessam de respirar
A espuma dos lábios da noite
O meu corpo espera a chegada da manhã
De uma janela os teus olhos em pôr-do-sol
E da noite e dos teus lábios a espuma
Que o mar transpira
As gotinhas de suor das algas em movimento
A espuma dos lábios da noite
Em cansaços de sofrimento…