Quando o orvalho poisa na tua pele
Pétala amarrotada da manhã
E de um finíssimo fio de seda
Os olhos da lua que me comem
E sou engolido
Mastigado
E sou agarrado por uma nuvem
E o vento me leva para o mar
Afundo-me lentamente
Os peixes ignoram-me e não se alimentam de mim
Quando o orvalho poisa na tua pele
Pétala amarrotada da manhã
A minha voz despede-se das flores
A minha voz é sepultada na solidão da tarde
E a manhã desaparece
Em pedacinhos de papel…
Estás morto
Socalco encalhado no douro
E dos meus ombros encaixotados no sofrimento
O rio se esconde e o rio me puxa para as trevas da noite…