O meu corpo emagrece
Ao compasso das horas em desespero
Ao fundo da rua
Deus olha-me
Ou finjo não o ver
Deus zangado comigo
E aos berros
Apenas percebo que me insulta
Tenho vergonha e escondo-me nas sombras
E das sombras escrevo poemas
Deus ignora-me
Deus decididamente não gosta de mim.
Chamo o teu corpo de seios ao léu
E junto ao rio
Passo-lhe a mão
E percebo que o teu corpo não é uma tela
É um reflexo de pétalas
Que se esconde no meu jardim
E deus deseja-te
E eu desejo-te como se fosses um silêncio
Uma madrugada inacabada.
Tenho fome
Tenho medo da noite
E da tua voz emerge o desejo
E deus
Despede-se do teu corpo…
E no teu corpo escrevo pacientemente…
Amo-te; porque te amo eu?
Luís Fontinha
27 de Fevereiro de 2011
Alijó