Sou como as árvores
E quando vem o vento
Vacilo na tempestade,
Sinto os meus braços deslocarem-se na noite
E enrolam-se ao poema moribundo,
Vejo o meu corpo impresso no espelho
E de mim saem pedacinhos de lume,
Migalhas de pão
Sobre a mesa-de-cabeceira,
Sou como as árvores
E quando vem o vento,
Vacilo na tempestade,
E caio docemente sobre o chão lavrado
Flores amarelas poisam sobre o meu esqueleto
E oiço lágrimas que se desprendem de um olhar
E páginas de um livro que alguém folheia na madrugada,
Vacilo na tempestade,
E procuro os meus braços na tempestade
Mas o mar os levou
E ao mar pertencem
E do meu corpo extingue-se a saudade,
Sou como as árvores
E quando vem o vento
Vacilo na tempestade,
Flores amarelas poisam sobre o meu esqueleto
E oiço lágrimas que se desprendem de um olhar,
O vento me puxa,
E os meus braços, os meu braços perdidos no mar…