Trago na algibeira
Um pedacinho de saudade
Quando me sento junto à ribeira
E grito para as árvores – Liberdade,
Liberdade porque sei voar
E dançar pendurado nas estrelas junto ao mar,
Liberdade porque caminho apressadamente sem caminhar,
E me liberto de todas as rosas felizes,
Alegres e contentes,
Meu deus!, esta luz cintilante,
Este vento amansado
Que o meu corpo sente,
Que no meu corpo cansado
A manhã se despede ausente,
Liberdade felizmente,
Trago na algibeira
Um pedacinho de saudade
Quando me sento junto à ribeira
E grito para as árvores – Liberdade,
Sou livre e semeio palavras no rio,
Sou livre como um pássaro apaixonado…
Sou um terreno baldio,
(toca o telemóvel)… E o poema encalhado,
(e agora, Francisco Luís)?
Trago na algibeira
Um pedacinho de saudade
Que se alicerça à pétala engraçada,
O trigo que saltita na eira
O velhinho que desce a encosta sem vaidade…
E a liberdade,
A liberdade ao meu peito abraçada!