Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Set 11

Abraçar-me a alguém ou a alguma coisa, nem que fosse a um embondeiro, deitar a minha cabeça no seu tronco e ouvir-lhe o palpitar do coração, pegar-lhe na mão e ficar em silêncio até que a noite se evapore na madrugada, hoje apetece-me um abraço mesmo sendo de um embondeiro,

 

E não quero olhar o mar, porque para mim é um luxo, e não me apetece ver a lua porque todas as noites a mesma lua, umas vezes de rosto descoberto pendurada na janela do céu e outras deitada, posições diferentes da mesma pessoa,

 

Abraçar-me a alguém ou a alguma coisa, nem que fosse a sombra de um candeeiro, nem que fosse um dos tantos livros que guardo, mas tenho preguiça de esticar os braços, procurar o livro certo porque hoje não me apetece abraçar a qualquer livro,

 

E não quero olhar o mar,

 

E começo a odiar o mar, as nuvens e as estrelas e os rios e as montanhas, porque hoje nem que fosse a um embondeiro, hoje abraçava-me a ele e ficava quietinho como fazem os pássaros, poisam nas árvores invisíveis, suspendem a respiração e adormecem,

 

Hoje preciso de um abraço, de alguém ou de alguma coisa, não interessa e não importa, apenas um abraço,

 

E não quero olhar o mar,

 

Porque o mar acorda-me a solidão,

 

Porque hoje odeio o mar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:42

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