Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

31
Mar 11

Dentro de um círculo gigante

Com infinito de diâmetro

Esconde-se uma flor

- Minha prisioneira; amante.

E na trigonometria

Habita o triângulo

Rectângulo

Que na porcaria

Sabedoria

Dentro de um círculo gigante

Nasce um eterno amor…

- Dentro de um círculo gigante

Com infinito de diâmetro

Esconde-se uma flor

Minha prisioneira; amante.

Para a esquerda

Senos e co-senos,

Para a direita

Tangentes e co-tangentes,

E não esquecendo a fórmula fundamental da trigonometria,

(o seno ao quadrado de teta mais o co-seno ao quadrado de teta é igual a um)

É igual ao arroz de letria,

É uma porcaria…

 

 

 

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:51

Deixo todos os bens materiais

A ninguém,

Não tenho nada para deixar,

 

Deixo as minhas mãos ao vento

E o meu olhar

A ninguém,

Não tenho nada para deixar,

Nem raízes no pensamento.

Deixo o meu coração

À noite sem luar,

E o meu corpo, as cinzas, vão para o mar…

Bem longe da costa, em plena escuridão.

Os meus livros, antes de eu morrer,

Serão todos queimados, cinzas como o meu corpo cremado,

E a ti, vou deixar-te o silêncio do amanhecer…

A merda dos pardais

No meu jardim plantado.

 

 

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:49

Escrevo nas palavras

Palavras de vento,

Escrevo nas palavras

Versos de sofrimentos,

Escrevo nas palavras

As palavras do momento.

 

Escrevo nas palavras

Palavras…

 

 

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:44

Hoje

Não escrevi na agenda

Da minha vida

Eu.

Não aconteceu nada

Nem uma dor de cabeça

Nem cansaço

Não sei se mereça

O calor do teu abraço

Mas às vezes sinto a falta

A ausência.

Hoje

Não escrevi na agenda

Da minha vida

Eu.

Não vi o vento a soprar

Nem a lua a sorrir

Nem o sol a acordar

Nem uma nuvem a fugir

Fugir do teu olhar

Que às vezes cansa

Que às vezes dói.

Hoje

Não escrevi na agenda

Da minha vida

Eu.

 

E se escrever

Se rabiscar

Na agenda da minha vida

Talvez comece com desejar

E na despedida

Escrever amar.

 

 

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:42

Estou farto de ouvir

Quando a mim ninguém me escuta

Estou farto de sorrir

Fingir

Quando me apetecia chorar

Fugir

Abandonar a luta

E gritar

 

Estou farto de ouvir.

 

 

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:40

Enfim só

Nesta sem fim noite adormecida

Enfim eu neste labirinto a que chamam noite

Enfim só. Enfim caminhando

 

Pela claridade do silêncio

Na sem fim noite escura de mim,

 

Da sem fim noite prometida.

 

Enfim só

À procura, na busca, caminhando

Eternamente só,

Na sem fim clareira esquecida.

 

Enfim só

 

Nesta sem fim noite adormecida

 

Enfim finalmente eu

Só, com a tua sombra adornada no vácuo

Tapando a minha janela em delírio

Dos teus gemidos nocturnos,

 

Que na noite me iluminam

E me dizem baixinho

Ao ouvido;

Enfim só

Só sem fim nesta noite maldita…

 

Porque só,

Da sem fim noite prometida,

 

Eu, enfim só!

 

 

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:38

Em cada milímetro quadrado

Do teu belo

Corpo de algodão

Vou escrever

Plantar uma rosa em movimento

Uniformemente acelerado

Sem medo de me perder

Com medo de voar

Vou nas madrugadas

Despedir-me do luar

Pintar-me de negro e esconder-me nos teus braços

Ficarei inerte

Suspenso na tua madrugada

Observando com o meu olhar despedido

O teu corpo que se diverte

Se passeia nos degraus da minha praia.

 

Em cada milímetro quadrado

Do teu belo

Corpo de algodão

Acende-se a candeia do anoitecer

Depois de um cansativo dia

Pedindo permissão

Para se despedir

Ausentar

Por cinco minutos apenas

O teu belo

Corpo de algodão

Fica pronto para eu escrever

E não sei por onde começar

Tenho medo de te magoar

Tenho medo de te perder.

 

Em cada milímetro quadrado

Do teu belo

Corpo de algodão

Não tenho a certeza

Se nele quero escrever

Certamente

Outras coisas havia para fazer

Do que simplesmente escrever

Simplesmente dizer.

 

 

 

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:24

A criança que existe em mim

Está a sofrer,

Sem esperança de brincar nas tardes de inverno

Sem esperança de viver,

Deixar de ser criança

Para ser,

Ser monstro vagabundo,

Moisés

Profeta do mundo,

Profeta à nascença

No meu destino

Quando eu criança

Quando eu menino…

A criança que existe em mim

Está a sofrer,

Perdido num banco de jardim

Procura indefinidamente o sorriso

Pequenino,

Do tamanho do universo,

Da dimensão do inferno.

 

 

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:21

As sombras do teu imaginário

Que ontem adormeciam

Calmamente na minha mesa-de-cabeceira

Sim essas

Atirei-as janela fora

Fartei-me delas

Fiquei cansado do seu silêncio

Nas madrugadas de inverno

Boa viagem

As sombras de ti

Amor ausente

Sempre em movimento

Vento sem distância

São húmus das minhas árvores vadias

Também elas cinzas

 

Também elas sombras.

 

 

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:16

Chove, vejo chover,

Fico feliz, porque hoje vens,

Vais aparecer,

Vens ao meu encontro

Sem eu perceber,

Desconfiar,

Que hoje vens.

Vais aparecer,

 

E eu, posso sonhar!

 

Chove, vejo chover,

E eis que hoje, tu vens,

E da porta do infinito, vais entrar,

Devagarinho para não me acordar,

Deitas-te ao meu lado,

E eu deitado,

Tu, olhas a chuva da madrugada,

Brincas com as flores do meu jardim,

Gostam de ti,

E tu, hoje vens…

 

Vais entrar.

 

Hoje, sei que vens,

Hoje, com chuva ou sem chuva, vais aparecer,

Vou ver-te no meu pensamento,

Adormecer no vento,

E tu, hoje vens,

Vens ao meu encontro,

Sem eu perceber,

Hoje, vais aparecer,

Minha aparecida,

e… e, muito querida.

 

 

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:15

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