Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Mai 11

 

 

Jacarandá-africano ou mpingo, e o bicho empanturrado de bolachas com três dentes de marfim partidos, e o menino dá, o menino dá, e o menino à espera no portão pela chegada do avô Domingos, e o bicho preso por um cordel encostado às mangueiras, empanturrado, cansado de dar voltas ao quintal, o menino a contar os carros em direcção ao Grafanil, e o Grafanil já ali, com os bracinhos suspensos no pescoço do avô Domingos, o menino dá comida ao bicho, e o bicho acenava com a cabeça que não, não mais comida, e o menino teimoso a enfiar bolachas e restos de pão.

O avô Domingos estafado, cansado, o avô Domingos com um machimbombo preso às mãos a passear as ruas de Luanda, e todos os dias as mesmas ruas, e todos os dias o menino ao portão à espera de um abraço e a contar os carros em direcção ao Grafanil, e todos os dias o crocodilo em Jacarandá-africano com a boca recheada de bolachas, o menino dá, o menino dá comida ao bicho, e o bicho escondia-se na sombra do fim de tarde.

Jacarandá-africano ou mpingo, e o bicho empanturrado de bolachas com três dentes de marfim partidos, e o menino dá, o menino dá, e o menino à espera no portão pela chegada do avô Domingos, e o bicho vivo, hoje não bolachas nem restos de pão, o bicho hoje vivo, à espera da chegada do avô Domingos, e o avô Domingos ausente, deixou de entrar pelo portão, hoje não avô Domingos, hoje não carros em direcção ao Grafanil, hoje apenas um crocodilo em Jacarandá-africano que todos os dias diz ter saudades do menino e do avô Domingos.

 

 

(texto de ficção)

Luís Fontinha

2 de Maio de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:45

Aqui tudo bem

Obrigado

Vou andando

Rastejando

Um pouco cansado

Cansado obrigado

Aqui tudo bem

Vou andando

Obrigado

Rastejando

 

Estou bem muito bem

Obrigado voltem sempre

Aqui tudo bem obrigado

Estou bem muito bem

 

Obrigado

 

Rastejando

Humilhado

Bem obrigado

Cansado.

 

 

Luís Fontinha

2 de Maio de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:45

Que algas são estas que se enrolam no meu corpo

Prendem-me os braços ao cansaço da noite

E na minha mão em desespero

Desenham silêncios ao amanhecer

 

Serei eu um rio

Ribeira perdida na montanha?

Que algas são estas que se enrolam no meu corpo

E não me deixam voar

 

Eu uma gaivota em morte lenta

Cortada em pedacinhos de tristeza

Que algas são estas

Que não me deixam caminhar

 

Que me proíbem de sonhar…

 

 

Luís Fontinha

2 de Maio de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:13

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