A solidão dói
Mas não sei se a pior dor
É estar só
Ou acordar
E não ter ninguém que me diga;
- bom dia pai.
Pior que a solidão
É não ter um filho
Para abraçar…
Luís Fontinha
13 de Maio de 2011
Alijó
A solidão dói
Mas não sei se a pior dor
É estar só
Ou acordar
E não ter ninguém que me diga;
- bom dia pai.
Pior que a solidão
É não ter um filho
Para abraçar…
Luís Fontinha
13 de Maio de 2011
Alijó
Cesário morto ou vivo encontrado no meio do trigo envenenado com água e açúcar,
- queres colinho ai queres queres,
A tarde evapora-se na liquidez das coxas dela quando na sombra e em brincadeiras no colinho dele, a tarde, a tarde pendurada na janela com vista para o mar, e nas profundezas dos campos de trigo ele em busca do prazer, perde-se nas horas e na secretária poisa uma gaivota embrulhada no desejo, o Cesário morto ou vivo,
- queres colinho ai queres queres, dá-me a tua mão, a minha mão, sim a tua mão, para quê, não tenhas medo e dá-me a tua mão, poisa-a no meu rosto, dás-me um presente, sim dou, está bem pega lá a minha mão,
E das coxas a tarde transpira, finge esconder-se nos sobressaltos dos minutos quando ele em cima dela, não o Cesário em cima da gaja, quando ele em cima dela balança no silêncio das espigas de trigo, está vento, e o sol consome-lhes a pele cálida depois de uma queca apressada e nem tempo teve de tirar as calças, as calças penduradas nos tornozelos, e nos sapatos o cansaço das viagens,
- queres colinho ai queres queres,
Cesário morto ou vivo encontrado no meio do trigo envenenado com água e açúcar, os segundos pendurados no silêncio do número treze, sexta-feira, e a gaivota sobre a secretária sorri para o Cesário, uma gaivota embrulhada no desejo, o desejo quando nas coxas a mão adormece e a água com açúcar abraça-se às plantas de trigo.
- Queres colinho ai queres queres…
(texto de ficção)
Luís Fontinha
13 de Maio de 2011
Alijó
Eu feliz não porque tenha ganho o Euromilhões, eu feliz não porque tenha encontrado trabalho, eu feliz não porque tenha deixado de viver miseravelmente, eu feliz porque o meu blog Cachimbo de Água (Angola) é reconhecido pelo Sapo Angola.
E tenho orgulho quando eles falam do meu blog como “um blog onde vivem palavras-poema. A descobrir”.
Eu feliz por que sou Angolano, apesar de ter no B.I. nacionalidade Portuguesa. Eu feliz porque nasci em Luanda, e eu feliz porque apenas três coisas me prendem a Portugal; o meu pai, a minha mãe e a menina que espetava pregos nas oliveiras.
Se sinto mágoa por o meu blog não ser reconhecido em Portugal? Estou a cagar-me…, e como diz o Doutor Catroga, são apenas pentelhos…
Luís Fontinha
13 de Maio de 2011
Alijó
Quero dormir eternamente
Mas nas paredes do meu corpo em desassossego
Uma luz emerge debaixo dos lençóis
As minhas mãos agarram-se às frestas do silêncio
E o meu corpo começa a levitar na manhã.
Pergunto-me porque não adormeço eternamente
E a resposta é impressa nos meus olhos…
Quando os meus olhos cegos pela noite
Descansam sobre a mesa-de-cabeceira
E com as minhas mãos procuro-os
E não olhos
E não vida
Que merda de vida;
Dormir
Alimentar-me de nada…
E ao fim do dia procurar os meus olhos
Que descansam sobre a mesa-de-cabeceira.
Luís Fontinha
13 de Maio de 2011
Alijó