E se tudo à minha volta não existisse. Se os peixes não fossem peixes, se o sol não fosse sol, se as plantas não fossem plantas e as abelhas, as abelhas não abelhas. E se a mulher não fosse mulher e o meu corpo, o meu corpo não corpo, e o mar, o mar não mar.
E se não houvesse passado, presente ou futuro, e se a terra em vez de circular fosse quadrada, e se o dia não fosse dividido em horas, minutos e segundos, não houve tempo.
E se nascer, crescer e morrer não exista, seja apenas uma sensação, e se os momentos que estamos a passar já tenham passado, e se tudo o que vemos sejam apenas imagens projectadas num espelho gigante, apenas imagens.
E se tudo à minha volta não existisse. Se os peixes não fossem peixes, e eu, eu não eu. Eu uma sombra sentada à beira de uma ribeira a olhar para um espelho gigante… e os sonhos, os sonhos a realidade e a realidade apenas sonhos…
Luís Fontinha
16 de Maio de 2011
Alijó