Dentro de mim
O silêncio em fogo
As gaivotas que se escondem no meu peito
Os sorrisos de um enforcado antes da despedida
E dentro de mim
O vazio
Nada
Apenas palavras
Apenas vozes que dão vida às palavras
E no chão calcado pelas lágrimas das árvores
Palavras que se alicerçam
E palavras que desistem da frase
Desfazem-se com o vento
Ficam vogais
Letras que dançam nas janelas viradas para o mar…
Dentro de mim
O silêncio em fogo
Dentro de mim a revolta submersa na minha boca
Quando nos meus lábios acorda uma rosa
E os barcos estacionados no meu quintal
Distantes do mar
Em fuga como pernas cansadas na lama
Que se afundam
E eu não pernas
Nem barcos
Eu palavras
Que aos poucos deixam as frases em suspenso
E transformam-me no silêncio em fogo.
Luís Fontinha
17 de Maio de 2011
Alijó