Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

22
Mai 11

Para que servem as mãos

Se eu não te posso tocar

Para que servem os lábios

Se eu não te posso beijar,

 

Para que servem os sonhos

Se eu deixei de sonhar

Para que servem as madrugadas

Sabendo que não têm luar,

 

Para que servem as palavras que escrevo

Se ninguém as quer ler

Para que servem os meus olhos

Se eles não querem ver,

 

Para que servem as pernas

Se eu não consigo libertar-me da noite em delírio…

Para que servem os relógios de parede

Se a minha vida é um inferno um martírio.

 

 

Luís Fontinha

22 de Maio de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:58

Aos poucos canso-me da terra

Onde cresci

Aos poucos como o silêncio de um relógio

Canso-me da terra onde vivi

 

Aos poucos eu engasgado nos socalcos

Desço vinhedos subo o xisto da madrugada

E olho o rio que me vai salvar…

Na sombra desgovernada

 

Aos poucos o meu corpo em pedacinhos de algodão

Aos poucos na minha mão uma flor cansada…

Aos poucos os meus lábios em movimento

Quando aos poucos em mim se dilui a alvorada.

 

 

Luís Fontinha

22 de Maio de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:08

Silêncios escondidos no crepúsculo

Em mim o cortinado da janela

Silêncios enrolados no meu pescoço

Que se agarram como um âncora às mão de uma macieira

 

Silêncios que o mar pela madrugada engole

E no final da tarde cospe contra os rochedos do meu quintal

Silêncios que fazem do meu corpo um inferno

Nos silêncios da vida suspensa por um cordel

 

E pergunto-me qual o significado dos silêncios

Quando as palavras em rebuliço

Quando o mar em construção

Prendem o meu corpo no vácuo de um contentor

 

E o meu corpo transforma-se numa rosa cinzenta

E a minha vida fica colada nas fendas de uma parede…

Silêncios em mim nos silêncios da madrugada

Silêncios de mim nos silêncios de nada.

 

 

 

Luís Fontinha

22 de Maio de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:46

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