Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

06
Jun 11

Enquanto descia as escadas sentia a minha sombra pregada na parede, a sala enorme, a distância entre mim e o tecto a aumentar, eu, eu diminuía conforme os silêncios da mesa, na toalha sentia a minha mão caminhar junto aos talheres, a faca, garfo, e dispenso a sopa, detesto, no copo poisava a cristalina água da companhia, uma merda, uma porcaria, para privatizar, privatizar as sombras e os musseques, para privatizar, privatizar todos os cagalhões das condutas subterrâneas, para privatizar, privatizar todos os pobres e sem abrigo, uma corrente entrelaçada nos pés e, e fogo, todos ao mar, e o problema resolvido, para privatizar, privatizar as escadas e todos os ascensores deste país, para privatizar, e a sombra que eu via pregada na parede enquanto descia as escadas já não minha, acabei de ser privatizado, e antes privatizado que lançado ao mar,

 

- Estás esquisito hoje não comeste nada

 

Estou com gases, e a partir de hoje vou deixar de comer.

 

- E depois?

 

Depois, depois fico como a burra do outro, do outro, sim, começou a reduzir-lhe à palha e cada dia que passava a palha sumia-se no estábulo, e um dia, um dia a burra vivia sem comer, foda-se,

 

- Que foi?

 

Agora que a burrinha não dava despesa é que morre. E também eu, aos poucos, vou conseguir viver sem comer,

 

- O outro maluco diz que vive do sol

 

Do sol, qual sol, quando dermos conta já nem sol temos; e até desconfio que Deus deixou de nos pertencer, para privatizar, privatize-se.

 

Publique-se no blog Cachimbo de Água o texto de ficção,

 

Alijó, 6 de Junho de 2011

O autor: Luís Fontinha

 

Sempre este filho da puta a foder-nos a cabeça…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:36

No amor em ti minha mão

Flor dos teus lábios de algodão

No amor em ti minha mão

No amor de ti meu coração

 

No amor em ti minha mão

Do amor teu corpo minha canção…

No amor em ti minha mão

Teu amor em mim submerso no chão

 

No amor em ti tua pele de carícia amanhecida

No amor em ti minha mão

Minha mão que acena na despedida

 

E no amor em ti minha mão

Abro-a vagarosamente

Abro-a como se fosse a gaveta dos sonhos…

Ai amor a minha mão sem tostão

Que baloiça sorrateiramente

Nos dias medonhos

 

No amor em ti minha mão

Do meu amor em construção

No amor em ti minha mão

Teu corpo meu amor sim ou não

 

Sim

Teu corpo meu amor

Cadente no silêncio amanhecer

Meu amor sem dor

Meu amor um jardim

No amor viver…

 

 

 

Luís Fontinha

6 de Junho de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:43

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