Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

11
Jun 11

As minhas palavras enrolam-se na tua boca e as frases penduram-se nos teus lábios, a tua majestosa língua acaricia-me os dedos dos pés, e em movimento ascendente e rotacional percorre cada milímetro quadrado do meu corpo, no peito dás-me uma dentadinha e o meu Ai cola-se no vidro da janela,

 

- Ontem queria morrer, deixar de escrever, hoje, hoje apenas que terminasse o universo e ficasses eternamente deitada sobre mim, e que os teus lábios adormecessem no meu peito,

 

Beijo os teus invisíveis cabelos, passo-lhes as minhas mãos encardidas pela tinta das telas e as imagem começam a voar pelo quarto mal iluminado, com o dedo mínimo nos teus lábios, arranco-te um sorriso, e há tanto tempo que não escutava um sorriso teu…

 

- Desde que me sentava junto ao Tejo e no sorriso das gaivotas sentia que um dia vinhas adormecer dentro de mim, e enquanto eu acenava ao navio que em espasmos escurecia os meus olhos, imaginava o teu corpo nu caminhando junto ao mar,

 

O Ai olha-nos e escuta os gemidos silenciosos do teu corpo, nos teus braços as flores poisam e cantam para ti, iluminam-se de distâncias pequeníssimas, o meu corpo é verde, um plátano encalhado na maré, ou um veleiro que acaba de regressar de longe,

 

- As minhas palavras enrolam-se na tua boca e as frases penduram-se nos teus lábios, o teu perfume de desejo ancora-se nos meus braços cansados, e no teu púbis sinto que acaba de nascer um poema, o poema tem vida, o poema diverte-se na calçada antes do rio, e o cheiro a algas dorme sobre nós,

 

Ontem queria morrer, deixar de escrever, hoje, hoje abraçar-te e ter-te nos braços, hoje voar nos teus sonhos, hoje, hoje apertar-te com força, e tu,

 

- Parvo, tantas cócegas que te vou fazer.

 

 

(texto de ficção)

Luís Fontinha

11 de Junho de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:00

Os pequeníssimos fios do teu cabelo

Aos poucos começam a despertar junto ao mar

O vento pacientemente começa a plantá-los

E as espigas de milho em sorrisos cansados,

 

Apetece-me passar-lhes a mão

Afagá-los como se fossem as águas límpidas do rio

Sentir os milímetros de crescimento

Por entre os meus dedos corroídos pelos cigarros…

 

 

Luís Fontinha

11 de Junho de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:51

Junho 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4

5
6
7
8
9





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO