O sémen dos olhos cessam na despedida de um olhar, as mãos imobilizam-se na finíssima folha amarrotada de papel e as palavras que se engasgam nas nuvens da manhã em pequeníssimos crepúsculos circulares, o corpo habitado pelas larvas da noite extingue-se e desparece no nevoeiro junto ao rio, tomba, mistura-se com as acácias do jardim e as abelhas alimentam-se das pétalas da sua boca, acorda a noite, levantam-se do chão calcetado de sombras os candeeiros trémulos e cinzentos, o motor a diesel em espasmos nos ciclos de Rankine morre; a morte,
O relógio de pulso nos braços de uma árvore
As folhas despregam-se das gotinhas amargas da pele
E pavimentam o chão térreo do jardim
A língua silenciosa enrola-se no céu-da-boca
Na garganta uma janela cerra-se e a respiração cessa
Cai nos pulmões a noite transparente da lua
Os olhos em lágrimas percebem que é o fim
E tudo à sua volta deixa de fazer sentido
A árvore desiste de lutar com o vento
E torce-se no infinito emagrecer da noite
Uma criança em auxílio
Abraça-a
Não tem força
As raízes desamaram-se da terra
A árvore inclina-se na maré cintilante das estrelas
E deita-se na cama da dor
Os pássaros despendem-se dela
Vem o lenhador e corta-a em pedacinhos
O alimento preferido
Da lareira no inverno
As cinzas que alimentam os barcos enferrujados
Quando o pôr-do-sol não vem
A árvore morta
Na sombra emersa do cais onde me afogo.