Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

30
Jul 11

A força cansa-se no finíssimo cacimbo

De luanda

E os meus braços começam a evaporar-se na avenida

Nua e crua junto à baía

O vento sopra e com ele vem o invisível perfume da madrugada

E uma manga desprende-se do céu,

 

O mar vem até mim e entra-me pela algibeira

O velhote barco enferrujado ancora nas poucas moedas

E o sol prende-se ao infinito

Um miúdo grita-me,

 

Uma gaivota alicerça-se nos meus lábios

E na chuva miudinha da tarde

A terra em mergulhos no capim

E some-se-me dos dedos…

 

Procuro os cigarros agachados entre as madeixas do meu cabelo

E no meu corpo ergue-se uma nuvem e das lagrimas de cera

Acende-se a manhã

E quando os ponteiros do relógio caminham para a noite

O musseque que brilha no zinco do amanhecer

Funde-se nos meus olhos,

 

E percebo que o meu destino…

Ver o dia caminhar na solidão das minhas mãos

Viver miseravelmente miserável…

E ser covarde.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:59

Não vás mesa-de-cabeceira

Deste quarto assombrado

Nos lençóis a ribeira

E na janela o cortinado,

 

Não me deixes oh espelho do futuro

Que abraça o guarda-fato amargurado

O soalho é duro

E na parede o crucifixo pregado,

 

A sagrada família em teimosia

É o pai é o filho e o espirito santo abençoado

E é a minha mania

 

De acreditar que sou poeta escritor,

Mas sou um verme cansado

Sou estrume de flor…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:50
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A voz cansada na dobra da ribeira

E da flor espancada sob a miséria do nada

Um petroleiro à minha beira

Em socorro da alvorada,

 

Da voz o suor da doença

Quando engasgada na manhã estilhaçada

No corpo a pele fina da nascença

Do corpo o silício da calçada,

 

As amoreiras em flor

E as pedras abraçadas

E o rio em amor,

 

Os teus braços suspenso em mim

Quando as nuvens esmigalhadas

Escondem as árvores do jardim.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 16:39
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