A força cansa-se no finíssimo cacimbo
De luanda
E os meus braços começam a evaporar-se na avenida
Nua e crua junto à baía
O vento sopra e com ele vem o invisível perfume da madrugada
E uma manga desprende-se do céu,
O mar vem até mim e entra-me pela algibeira
O velhote barco enferrujado ancora nas poucas moedas
E o sol prende-se ao infinito
Um miúdo grita-me,
Uma gaivota alicerça-se nos meus lábios
E na chuva miudinha da tarde
A terra em mergulhos no capim
E some-se-me dos dedos…
Procuro os cigarros agachados entre as madeixas do meu cabelo
E no meu corpo ergue-se uma nuvem e das lagrimas de cera
Acende-se a manhã
E quando os ponteiros do relógio caminham para a noite
O musseque que brilha no zinco do amanhecer
Funde-se nos meus olhos,
E percebo que o meu destino…
Ver o dia caminhar na solidão das minhas mãos
Viver miseravelmente miserável…
E ser covarde.