O amor de mim

Que cresce nos silêncios dos teus braços

O mar que me abraça

Quando nos teus lábios sinto o acordar da manhã

O amor de mim

E me empurra para a tua boca trémula

Quando a maré se engasga nos teus olhos

E abro a janela

E passeiam barcos no jardim

O amor de mim

As gaivotas de asas abertas

Sobre as tuas costas descobertas

No teu peito a certeza

Que o amor de mim

Só tem beleza

Se me continuares a amar… assim

Simples como uma pedra poisada no vento

Bela como uma flor selvagem…

Livre como um pássaro em movimento

Que se perde a olhar a paisagem…

Os suspiros e os ais

Os pássaros e as gaivotas

O céu o mar e a terra

E a luz que nos separa,

Os suspiros e os ais

E eu que te procuro em jornais

Perdidos e achados

E sinto os teus braços a mim abraçados,

Os suspiros e os ais

O café na pastelaria

Deixar de fumar nunca jamais

E cortar a barba só na barbearia,

Os suspiros e os ais

E a mania da importância

Chamem a ambulância

Porque no meu peito vivem pardais…

Vacila nos meus braços

O sorriso do vento na madrugada

Raiz que me agarra à terra

E não me deixa tombar,

Porto de abrigo

Onde me sento e descanso

E vejo o mar

E oiço a tua voz misturada nos lençóis da noite,

Vacila nos meus braços

O sorriso do vento na madrugada

Pobres cansaços

Quando procuro a alvorada,

E o mar desce à minha mão

E o vento me abraça

E o vento me dá ondas para eu brincar…

Não cair ou vacilar,

O vento é assim

Umas vezes empurra-nos pela rabina

Outras vezes abraça-nos no jardim…

O pior é quando o vento nos assassina

E nos atira para o mar,

Vacila nos meus braços

O sorriso do vento na madrugada

E nos teus lábios uma flor descansa.