Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

18
Ago 11

Sabes, meu amor,

As acácias deixaram de romper o céu,

E o sol, o sol, meu amor, tem uma cor tão esquisita…

Os barcos de Luanda não navegam mais dentro de mim,

Meu amor, e no meu quintal não poisam papagaios de papel,

E o meu triciclo, meu amor,

Em pedacinhos de papel,

Nos fins de tarde junto ao Grafanil,

Nem jipes em corrida,

Nem carros que mastigam as horas,

Sabes, meu amor,

O céu não existe,

 

As árvores e as gaivotas, meu amor,

Tudo são sonhos,

Sonhos dentro de sonhos, meu amor,

Como quando eu corria pelo quintal em Luanda,

 

E agora percebo, meu amor,

Luanda foi um sonho…

E nenhum menino se deitava debaixo das mangueiras,

Que coisa, meu amor, uma criança deitada no chão,

 

A olhar o céu…

Vês meu amor, vês como eu tenho razão!

Como pode uma criança deitar-se no chão e olhar o céu…

Se o céu não existe, meu amor…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 16:54

As ruas sem saída

As árvores despidas no cansaço da madrugada

Meu deus, que triste é esta vida,

Viver fingindo que não se passa nada,

 

Aparentar que não tenho fome

E caminhar como se estivesse feliz…

As ruas sem saída e sem nome

É esta a vida do Francisco Luís!

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:35
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Se fecham as janelas

E as portas também

Apaga-se o sol e morrem as rosas belas

E não sobrevive ninguém,

 

Evapora-se a água do mar

E as gaivotas tombam junto ao areal

Chove e chove sem parar

E tudo parece normal,

 

Se fecham as janelas

E as portas também

E das mãos delas

Acorda o desespero de alguém,

 

É a vida a girar

Entre a desilusão e a amargura

É a estória de um homem a agonizar

Sem paz nem ternura…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:21
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Agosto 2011
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