Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Set 11

As tiras de sábado

Nos farrapos de pano,

Os botões de domingo

Nas mãos de um cigano,

 

Uma esmola à porta da igreja

E um sorriso pendurado no pescoço,

E se não me engano

Um cigano dentro de um poço,

 

Vende as meias e vende as sandálias,

As tiras de sábado engasgadas na feira,

E o cigano marreco

Aos tiros na eira,

 

Só cinco euros baratinho,

Tudo a cinco euros menino,

As tiras de sábado nos botões de domingo…

E na igreja toca o sino,

 

O cigano marreco faleceu

Enfartou-se nos panos em farrapinhos,

Vem a ASAE à feira

E os ciganos voam como passarinhos…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:06

Não me interessa quem fui,

Quem sou,

E pouco me importa com o que serei,

Não me interessa,

E o que me interessa,

É que tenho a vida que sonhei,

 

A vida que sempre quis ter,

 

Não me interessa se está a chover

Ou se o sol não acordou…

Se as nuvens têm diarreia ou em febre a arder,

Porque o que me interessa é escrever,

 

Amar,

Ser amado,

Sonhar,

Sonhar… acordado,

 

Ser poeta ou ser escritor

Não me interessa,

Porque o que me interessa é escrever

No teclado de um computador,

 

Porque tenho a vida que sempre quis ter,

E se ninguém ler o que escrevo,

Não me interessa…

Nem quero saber.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:01

Se as minhas mãos fossem finíssimas folhas de papel

E os teus lábios as palavras para eu escrever,

Se nas minhas mãos habitassem árvores

Ou sorrisos de gladíolos,

 

Se às minhas mãos viesse o nascer do sol

Quando um corpo prensado na manhã

Se esconde entre as nuvens e a lua…

E as minhas mãos recheadas de lágrimas,

 

Cavalos invisíveis galopando na maré

E eu agachado na espuma dos teus seios,

Se as minhas mãos construíssem estrelas

E planetas e buracos negros e partículas de deus,

 

Nas minhas mãos

Crescem silvas embainhadas nas tardes de primavera,

Sombras que se extinguem na suavidade do teu corpo

E recuso-me a tocar-te, e recuso-me a acariciar-te,

 

E sinto medo de te aleijar,

Porque as minhas mãos parecem rochas,

Grãozinhos de areia que olham o pôr-do-sol…

Poeira que poisa sobre o mar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:31

Tenho um livro para escrever,

Um caminho para caminhar,

Um dia para morrer,

E as noites para sonhar,

 

Tenho um livro para escrever,

Uma flor para cultivar,

Colher…

E amar,

 

Tenho um livro para escrever,

E tanta coisa para dizer…

 

Um livro com mil sorrisos poisados no vento,

Tenho um livro para escrever,

Um poema em sofrimento

Num corpo a envelhecer…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:44

O dono do universo,

O guardião das estrelas

Que escreve palavras em verso

Que semeia silabas com a mão,

 

E vogais nem vê-las,

E poemas que desmaiam sobre a saudade,

O dono do universo

Vagueando pelas ruas da cidade,

 

Procurando estrelas

Semeando palavras esquisitas,

Quem será o usurpador

Que cospe palavras malditas,

 

E se esconde dentro do mar,

E pinta o céu com sonhos de sonhar,

E veste a lua de luar,

O dono do universo,

 

O guardião das estrelas,

Quem será o usurpador

Que vestido de flor

Se abraça aos plátanos do jardim…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:19

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