Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

02
Set 11

Como é linda esta flor selvagem

No campo cresceu em liberdade

É filha da paisagem

E amante da saudade,

 

As coisas mais simples são belas

Como esta flor selvagem

Que é acariciada pelas donzelas

E amada pela criadagem,

 

Como é linda esta flor selvagem

No campo cresceu em liberdade

No campo vive selvagem

No campo sem vaidade.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 15:34

E o sol em sorrisos de nada

Entra-me pela janela,

Oiço o mar que brinca na calçada,

E de mão dada

Com a flor mais bela,

 

E o sol em sorrisos de nada

Que acaricia os teus lábios de amanhecer,

E a lua em ti deitada

E a lua em ti viver…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:51
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Sou um livro

Muitas vezes folhado por quem não amava os livros,

Hoje continuo a ser livro

Um livro amado

Um livro folheado

Por quem lê livros e ama os livros,

 

Sou um livro

E nas minhas páginas

Todos os dias se escreve uma estória

Uma frase, um poema,

 

Sou um livro

Folheado e amado,

Sou um livro desejado,

 

Sou um livro apaixonado!

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:22

(e que dormes nos lençóis da noite)

 

A solidão

Quando desce a noite

E das estrelas sinto o teu perfume

Suavemente no meu peito,

 

A solidão

De não escrever boa noite no teu corpo

Afagar o teu cabelo

Com a minha mão,

 

A solidão

Quando não tenho os teus abraços

E com os meus lábios sentir o teu coração

Que adormece nos meus braços…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:15
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01
Set 11

E se ele cair

Na pele vai sentir

O que estou a viver,

E sei que vai cair…

E aprender,

Que nenhuma luta é em vão

Ou a fingir,

 

E se ele cair

Na pele vai sentir,

 

Os versos de uma canção!

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:33

Ser mulher, ser mulher é ser amada, tocada como uma rosa quando poisada sobre as sílabas cansadas da manhã, ser mulher é ser desejada nas entranhas da montanha onde o rio cansado se senta e descansa, ser mulher é o acordar do dia quando as gotinhas de silêncio saltitam nos seios do mar, ser mulher é ser compreendida e abraçada na madrugada, ser mulher é ser mulher,

 

Ser mulher

É tudo,

Ser mulher

E ser amada,

Ser mulher

É ser desejada,

Ser mulher

É ser beijada,

 

Nas acácias em flor quando as gaivotas escondem os sorrisos nas nuvens selvagens, ser mulher, ser mulher são as ondas do mar quando abrem os braços em movimento curvilíneos e o corpo de mulher enrolado na espuma, ser mulher é adormecer nos lençóis da noite, ser mulher quando o ser homem percebe que no silêncio da mulher caminha a dor, o cansaço, ser mulher quando o ser homem a olha e semeia na face um beijo de ternura, e o ser homem sussurra-lhe ao ouvido Tudo bem, meu amor, eu compreendo!,

 

Ser mulher quando deita a cabeça no colo do ser homem, e o ser homem lhe afaga os cabelos, e uma criança que corre dentro da seara embalsamada da tarde, e o vento brinca com as espigas, e o ser mulher suspira, e o ser mulher em voz disfarçada de poema Amo-te!, e o ser homem sorri, e o ser homem pega-lhe na mão,

 

Ser mulher, ser mulher é ser livre, ser mulher é voar e sonhar, ser mulher, ser mulher é olhar-se no espelho e no alto da montanha gritar Obrigado por ser mulher!, e ribanceira abaixo os pedacinhos de algodão da sua voz,

 

Ser mulher mãe, ser mulher namorada, ser mulher esposa, ser mulher filha, ser mulher, ser mulher e ser amada…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:34

De ti

Vem até mim a poesia do teu cabelo doirado

Como a erva semeada na planície,

Em cada dia

Cresce um pedacinho,

E em cada noite

Deita-se debaixo dos silêncios da lua…

 

E das ervinhas do teu cabelo doirado

Virão as árvores que vão poisar nos teus ombros,

 

De ti

Vem até mim a poesia do teu cabelo doirado,

Eleva-se a manhã sobre os teus olhos

E nas minhas palavras saltitam silabas

Que correm apressadamente para a tua mão,

E o teu cabelo doirado começa a sorrir!

publicado por Francisco Luís Fontinha às 15:54
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Recomeçar de novo, e renascer das cinzas.

Por vezes pensamos que a nossa vida não faz sentido, por vezes achamos que nunca vamos conseguir sair do buraco fundíssimo onde nos encontramos ou que os dias vão ser sempre noite.

Pensamos e achamos, e por vezes, e por vezes estamos redondamente enganados.

Aprendi que nada é eterno, e mesmo as ditaduras mais ferozes, mais cedo ou mais tarde, caiem, desmoronaram-se, e temos neste momento a situação da Líbia, ao fim de 42 anos de ditadura e desrespeitos pelos direitos mais simples e básicos a que qualquer cidadão tem direito, o povo acordou, e se o povo quiser, em união, tudo é possível.

Não quero deixar aqui nenhum apelo a uma revolução ou desordem pública, mas cada um de nós, pode e deve fazer a sua própria revolução, uma revolução interior, e se possível mudar de vida, recomeçar do zero.

Aprender novamente a caminhar, E depois, qual é o problema?

E pensei, e pense, e nem poderia ser de outra forma, recordei os momentos da minha infância, em Luanda, e recordo-me, e veio-me à memória quando eu caía no quintal e passados alguns momentos levantava-me, é verdade que às vezes com lágrimas nos olhos, mas levantava-me, e se nunca o tivesse feito, possivelmente ainda hoje estaria deitado debaixo das mangueiras à espera que alguém me ajudasse a erguer.

Não é vergonha recomeçar do zero.

E renascer das cinzas.

Caí muitas vezes, muitas, e sempre me ergui, Porque não agora?

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:34

(para ti)

 

Se te toco

Com um desejo

De silêncio,

Acorda em ti o sorriso de um beijo,

 

A noite ergue-se entre as planícies doiradas

E as estrelas fingem-se adormecidas,

Se te toco com um desejo de silêncio

Poisam em ti as pétalas encarnadas,

Se te toco

Com um desejo

De silêncio,

Escondem-se de mim as rosas cansadas…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:10
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