Adormecer
Nos teus braços
Sem o saber
Agarrar-me à janela
E uma estrela amarela
Na minha mão a brilhar
Adormecer
E esquecer
Que na noite vivem cansaços
Beijos enrolados no luar…
Adormecer
Nos teus braços
Sem o saber
Agarrar-me à janela
E uma estrela amarela
Na minha mão a brilhar
Adormecer
E esquecer
Que na noite vivem cansaços
Beijos enrolados no luar…
O meu corpo de líquido
Entranha-se nas frestas adormecidas da noite
Dentro de mim acordam os malmequeres
E um girassol poisa nos meus lábios
(oiço-vos gritar: Enlouqueceu)
Cintilam as lágrimas que brincam no rio
E do néon das dezoito horas encavalitado no pôr-do-sol
Vêm até mim os teus cabelos enrolados nos meus dedos
Afago-os e mergulho no castanho das estrelas
Beijo-te e entro na tua boca
Desço pausadamente ao teu coração
E o meu corpo de líquido
Corre no teu estômago
Entranha-se nas frestas adormecidas da noite
Mistura-se com o silêncio das estrelas
E um girassol poisa nos meus lábios
Quando a lua me abraça.
Cerram-se as montanhas
Nos olhos do anoitecer
E dentro do mar
Crescem sonhos de viver
Sonhos de sonhar
Cerram-se as montanhas
Nos olhos do anoitecer
Gritam nas amoreiras os silêncios de prazer
Nos olhos do anoitecer
Estrelas cintilam nas pétalas de uma rosa
Amarela
Bela
Palavras em prosa
Semeadas no vento
(Cerram-se as montanhas
Nos olhos do anoitecer)
Palavras cansadas
Com dor e sofrimento
Palavras de nada
Palavras em palavras despidas na madrugada
Nos olhos do anoitecer
As palavras esfomeadas…
Quando se cerram as montanhas
Nas palavras que não sei escrever
Nos olhos do anoitecer
As palavras de sofrer.