Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Out 11

Deitado sobre a cama e mergulhado na escuridão acabo de observar a luz, um ponto luminoso suspenso na parede,

Na primeira aparição pensei ser um sonho, venho a verificar que não, não um sonho, abri e fechei os olhos, e a luz pendurada na parede, bati as palmas na tentativa que ela se assustasse, e não se assustou, continua na parede sem se mover,

- E o que faço Perguntava-se ele enquanto se desembrulhava do emaranhado de finíssimos fios de luz e de muitas cores que jorravam da parede do quarto,

E uma voz acordava no silêncio,

- Não faças nada e olha simplesmente,

E os finíssimos fios de luz abraçam-me,

E não vou fazer nada e continuarei,

- Deitado a olhar o teto do quarto e a contar as estrelas E ele começava a sentir o corpo a elevar-se lentamente na atmosfera exígua do pequeníssimo cubículo que servia de poiso a que todos em casa chamavam de quarto e que de quarto nada tinha, a janela virada para a rua cerrada desde que o velhíssimo prédio foi reconstruído, E às vezes até penso que se esqueceram de colocar a janela e quando corria os cortinados, nada, apenas a parede em lágrimas e fendas por onde entravam durante a noite os sorrisos das árvores,

E os finíssimos fios de luz abraçam-me, e não vou fazer nada e continuarei a olhar a janela invisível virada para a rua,

Deserta e ausente da cidade,

- Eu deambulando de árvore em árvore e vem o vento e tomba-me e começo a elevar-me lentamente até ao teto do quarto E ele em poucos segundo chegava às nuvens e entrava na noite que acordava do outro lado do muro,

A vida é uma merda dizem aqueles que sofrem,

A vida é lindíssima dizem os outros,

- E eu não digo nada,

Deserta e ausente da cidade a que todos chamam de vida e que de vida nada tem, e eu não digo nada,

Apenas olho a luz pendurada na parede, bato as palmas na tentativa que ela se assuste, e não se assusta, continua na parede sem se mover,

- E eu não digo nada enquanto não chegar ao outro lado do muro e abraçar-me à noite que começa a acordar, deserta e ausente da cidade a janela da minha vida com dois panos sobre a cabeça a que todos chamam de cortinados e que de cortinados nada têm, e de vida Deserta e ausente da cidade,

Não faças nada e olha simplesmente,

- E que de vida nada tem, apenas finíssimos fios de luz e de muitas cores que jorram da parede do quarto,

E a luz que me olha enquanto o meu corpo se eleva lentamente e chego às nuvens e entro na noite que acorda do outro lado do muro…

 

(texto de ficção)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:11

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

 

Se os teus braços

Falassem quando me abraçam

Apenas queria escutar

A palavra amo-te,

E perder-me nos milhões

De pontinhos do teu olhar,

E mergulhar nas gotinhas

Das tuas lágrimas,

Se os teus braços

Falassem quando me abraçam,

Eu não me cansava

De escrever as palavras dos teus braços

Nos silêncios do céu…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:53

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:48

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