Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

23
Out 11

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

 

Das tas mãos

Meu amor

O doce de maçã abraçado ao açúcar da noite

Os lábios da lua

 

Quando procuram o rebuçado das estrelas

Que se misturam nos teus olhos

E das tuas mãos

Nascem gladíolos

 

E pássaros poisam na copa do teu cabelo

Das tuas mãos

Meu amor

A cereja dos teus seios

 

Quando o mar

Entra em ti…

E navegas nas ondas salgadas

E escorregas no doce de maçã

 

Abraçado ao açúcar da noite

E deitas-te sobre a areia da minha pele

E sorris

E adormeces em mim

 

E de mim transpira o poema

Que a noite engole

Como os silêncios das tuas mãos

(meu amor

O doce de maçã abraçado ao açúcar da noite

Os lábios da lua)

Quando acariciam o meu sorriso de algodão

 

(Das tas mãos

Meu amor

O doce de maçã abraçado ao açúcar da noite

Os lábios da lua)

 

E no meu corpo crescem

As asas do desejo…

E no meu corpo

Acorda a manhã que há em ti

 

(O doce de maçã abraçado ao açúcar da noite

Os lábios da lua)

 

Meu amor…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:41

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:41

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

 

Procuro a tua árdua paixão

Em cada lugar

Em cada árvore,

 

Procuro-a nos pedacinhos de papel

Onde dormem as estrelas,

Procuro a tua árdua paixão

Em cada onda do mar,

 

Procuro-a em cada lugar,

 

Procuro a tua árdua paixão

Em cada árvore

Em cada sorriso de encantar,

 

Procuro-a

Sem a encontrar!

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:19

Caiem as maçãs do meu quintal

E tombam como os lábios da manhã

Sobre o céu envergonhado,

E o pavimento térreo as come

 

Quando o mar em revolta

Se mistura no sorriso de uma gaivota,

Caiem as maçãs

E nos meus braços de cetim

 

Esconde-se a neblina da noite…

O meu corpo funde-se na sombra de um veleiro

À espera do vento,

E que o leva para longe,

 

Caiem as maçãs do meu quintal

E tombam como os lábios da manhã,

E enquanto converso com os sonhos

Sinto as maçãs tombarem,

 

(oiço-lhes os gemidos de Ais e Uis

E pedacinhos de lágrima vêm à minha mão)

 

E enquanto converso com os sonhos

Sinto as maçãs chorarem

Sobre o pavimento térreo

Do meu quintal…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:44
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E frio,

Quando me sento na margem do Tejo e ao longe as luzes de Almada, o cigarro cresce na noite e o meu corpo parece um pedacinho de papel misturado no vento, a cama range tal como os suspiros de Matilde se enrolam no néon dos veleiros estacionados na vazante da maré e sinto-lhe os lábios de cereja adormecidos no meu pescoço, e frio, o rio,

E desciam,

Os braços dela até às minhas coxas argamassadas de estrelas,

- Amas-me?,

E oiço sussurros no meu ouvido Amava-te muito se não tivesses os problemas que tens e não fosses quem és, e uma língua baloiça na minha face,

- Amava-te muito se não tivesses os problemas que tens e não fosses quem és,

E enquanto extingo o meu olhar nas luzes de Amada pergunto-me Quem eu sou?,

- Quem eu sou?,

O rio que corre,

Frio,

Feio…

E da janela virada para a rua subiam,

E desciam,

Corpos ensanguentados no desejo do sémen,

- Amas-me?,

Ensanguentados no desejo de sémen que escorria das nuvens de algodão doce e desciam, e subiam,

E da janela virada para a rua subiam,

E desciam,

Os gritinhos de prazer dos lençóis do cubículo,

- Amava-te muito se não tivesses os problemas que tens e não fosses quem és,

E o cigarro abraçado à solidão da tosse de um petroleiro que descia,

E subia,

A janela do cubículo,

- Amas-me?,

E com os cotovelos poisados na janela do Tejo esquecia-me Quem eu sou,

- Se não fosses quem és e não tivesses os problemas que tens,

Amava-te muito, e eu perguntava-me,

- Quem eu sou?,

E a Matilde explicava-me que nunca poderia amar-me em liberdade, porque os amigos e as amigas, porque a carreira profissional, porque o tejo,

E da janela virada para a rua subiam,

E desciam,

E desciam gaivotas das nuvens de Outubro e subiam cansaços dos mangalas invisíveis que marchavam numa parada militar invisível,

Matilde abraça-me, e eu pergunto-me, e eu pergunto-lhe,

- Quem sou eu?

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:56

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