Esqueci-me de como era o mar
E eu não gostava do mar
E olhava-o e olhava-o e chorava,
Hoje amo-o sem saber como é…
E queria tanto abraçar
O mar
Quando sobe a maré,
E uma gaivota voava
Nos olhos do menino que caminhava
Sobre o mar,
E não se cansava
De chorar…
Ao olhar o mar.
(desenho de Luís Fontinha/MiLove)
Na porcelana dos teus olhos
Os gladíolos do fim de tarde
O vento contra a janela
O vento que engole as minhas palavras,
No silêncio de uma rosa amarela
Os gladíolos do fim de tarde
Na porcelana dos teus olhos…
E chove
E olho o rio que corre;
Ai se o vento me levasse
Para as pétalas dos teus braços!
Na porcelana dos teus olhos
Os gladíolos do fim de tarde
O outono em delírio
No outono loiro do teu cabelo…
E chove
E olho o rio que corre,
Na porcelana dos teus olhos…
Há uma rosa cansada
No jardim da manhã
Há uma hora prensada
Na parede que me abraça
Da parede que se enlaça
No jardim da manhã
Há uma rosa cansada
Em pedacinhos de nada
E que se abraça
Ao jardim da manhã
Há uma rosa cansada
Em cada poema
Há uma sílaba deitada
Na tua cama…
Há uma rosa cansada
No jardim da manhã
Há uma rosa amada
Nas palavras da manhã.