Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

27
Out 11

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:58

Estas vozes que oiço

Quando olho o mar,

O que são, Pai?

O que comem os silêncios da noite

Que se abraçam ao pôr-do-sol,

E quando os olho…

Fogem de mim,

Têm vergonha de mim, Pai,

 

Porquê, Pai?

Têm vergonha de mim

As gaivotas de Luanda

E o rio que se esconde nos socalcos…

 

Estas vozes que oiço

Quando olho o mar,

O que são, Pai?

 

Têm vergonha de mim, Pai,

Porquê?

As estrelas quando descem à lareira da noite…

E fogem, pai, e fogem de mim…

 

Também tens vergonha de mim, Pai?

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:29
tags: , ,

João espera e desespera a chegada de Sofia, a cama encostada ao fogão na cozinha, os pássaros, os pássaros sob o céu cinzento da quinta, a casa despede-se da manhã,

- “ faço tudo o que elas querem mas nunca tiro o chapéu da cabeça para que se saiba quem é o patrão”,

E Sofia não vem, nunca ao meu lado, desço à garagem e olho o barco que estou a construir e logo que pronto e logo que chegue a Sofia zarpamos pelos terrenos de Palmela em direção à noite,

Ela nunca ao meu lado,

- conto os pássaros da quinta, e hoje não quinta e hoje não pássaros,

E hoje,

Hoje não Sofia,

João espera e desespera,

O pai do João estacionado na clinica,

- “ faço tudo o que elas querem mas nunca tiro o chapéu da cabeça para que se saiba quem é o patrão”,

E percebo que nunca existiu nenhuma Sofia, e percebo que nunca existiram pássaros na quinta de Palmela, e percebo,

- “ faço tudo o que elas querem mas nunca tiro o chapéu da cabeça para que se saiba quem é o patrão”,

Eu sei pai, eu sei,

João espera e desespera a chegada de Sofia, a cama encostada ao fogão na cozinha, os pássaros, os pássaros sob o céu cinzento da quinta, e um livro a que A. Lobo Antunes chamou O Manuel dos Inquisidores…espera e desespera pela chegada de uma Sofia, espera e desespera pela chegada de um João…

Ao cair da noite.

 

(Inspirado e baseado no livro de A. Lobo Antunes “O Manual dos Inquisidores”)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:14

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

 

Os sonhos, nuvens que cresceram na minha cabeça, e nunca passaram de nuvens, e nunca deixaram de se a chuva em pedacinhos sobre o silêncio do mar…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:51

A casa deixa de fazer sentido

As janelas cobrem-se de nuvens

E a porta de entrada acorrentada à montanha

Que desce do céu,

 

O rio entra pela chaminé

E desce e desce e desce…

E poisa e poisa e poisa…

Na penumbra lareira imaginária,

 

A casa deserta e só

Escondida nos braços da neblina,

A casa, a casa imaginária

Onde vive um menino invisível,

 

E só e só e só…

A poeira que se alicerça nos livros,

A casa deixa de fazer sentido

Quando acorda a tarde,

 

A casa,

Começa a voar em círculos na copa das árvores,

E voa e voa e voa…

Em direção ao mar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:41
tags: , , ,

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:43

Outubro 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO