El Rei indignado com o carro de bois que ziguezagueava nas encostas da manhã, os bois mergulhados em urros e se queixavam que o peso era muito, e El Rei tranquilo que não, o peso não era muito, e os bois teimavam em abrandar a marcha até se imobilizarem frente ao Paço,
El Rei aflitíssimo,
- E agora minhas Ratazanas?,
E que as ratazanas coçavam os pelinhos do lombo e que respondiam a El Rei,
- Não sabemos Sua Majestade, nós não sabemos o que fazer,
Os bois arfavam e da boca saiam-lhes pedacinhos de cansaço, El Rei reunia de emergência as ratazanas e os cães de caça, e faltava um,
O Conselheiro Mor e guardião das chaves do Paço empoleirado à janela do primeiro andar em gritos para os pássaros poisados junto à praia E o que é que quer?,
Ao que El Rei lhe responde que não quer nada, apenas que os bois continuem com a sua divina marcha em direção ao cais,
- Nada, não quero nada, só quero que os bois retomem a marcha,
As ratazanas engasgadas no silêncio da reunião cruzavam os braços e escreviam na ardósia que transportavam às costas,
- Não sabemos, não sabemos Sua Majestade,
O autor do texto tropeça num momento de infância e vê-se no recreio da escola com um papel preso nas costas com fita-cola Sou Burro,
- Eu sou Burro,
E há pessoas que esqueceram rapidamente o que foram no passado, e eu nunca me esqueço, o autor recorda-se de estar sentado à mesa na cozinha e enquanto comia olhava os pais, e ele perguntava,
- Vocês não comem?,
Respondiam-lhe que não tinham fome,
Hoje percebo que não comiam para que o filho se alimentasse porque a comida não chegava para todos,
E há pessoas que esqueceram rapidamente o que foram no passado, e hoje, hoje julgam-se donos do mundo,
Esqueceram-se rapidamente e fazem questão de o recordar passando por cima do que foram,
- Eu sou o dono do Mundo,
E claro que passado é passado mas às vezes um pouco de humildade faz bem e recomenda-se,
O autor volta ao texto e aos bois,
- Não sabemos, não sabemos Sua Majestade,
El Rei enfurecido gritava às ratazanas que é para isso que lhes paga, para saberem resolver os problemas quando necessário,
Uma das ratazanas, a mais fiel, que nunca tinha acontecido uma junta de bois recusar-se a trabalhar,
E outro que era a primeira vez que assistia a uma junta de bois em greve,
- N uncaa vi t al na vidaaa,
El Rei chegava à conclusão que estava rodeado de incompetentes,
(o autor do texto)
- E que se esqueceram rapidamente o que foram,
El Rei desce as escadas do Paço e junto aos bois propõe o seguinte:
- Meus amigos diz Sua Majestade, Meus amigos,
Os bois às marradas a uma árvore seminua do lado esquerdo da tapada a explicarem a Sua Majestade que não adiantava suborná-los porque estava decidido não continuarem a marcha até ao cais,
- Está decidido está decidido,
As ratazanas envergonhadas porque os bois repentinamente tinham deixado de obedecer,
- N uncaa vi t al na vidaaa,
Nem eu que sou o autor do texto, nem eu,
Mas que às vezes acontece,
O Conselheiro Mor e guardião das chaves do Paço empoleirado à janela do primeiro andar em gritos para os pássaros poisados junto à praia E o que é que quer?,
El Rei sufocado nos cortinados do fim de tarde acorda,
Minha Rainha, Minha Rainha, Os bois deixaram de obedecer-me!,
Bois qual bois seu palerma?
Os bois os bois…
E enquanto coçava a cabeça percebeu que tinha sonhado,
Porque os bois obedecem sempre à voz do maestro assim dizia o tio Serafim em Carvalhais,
- Amarela anda lá amarela,
N uncaa vi t al na vidaaa…
(texto de ficção)