(desenho de Luís Fontinha/MiLove)
A prostituição intelectual
E que rasteja entre a noite e o aço da maré
Finge não ver as nuvens
E diz ele que o mar é uma mentira
Nunca houve mar
E que o dia não é dia
É uma bicha perfumada no tesão das estrelas
Prostituem-se intelectualmente a troco de um emprego
A troco de nada
Bafiento na língua da lua
Nasce o dia na algibeira do mendigo
E chora sob as mandibulas do orgasmo
Caminha
Diz ele que o dia não é dia
E que o mar
Uma mentira
O negro deixou de ser negro
E diz ele que o encarnado é o amarelo do sol
A prostituição intelectual
E que rasteja entre a noite e o aço da maré
Finge não ver as nuvens
Finge não ver nada
E finge e finge e finge…
E sente-se feliz entre os homens
Bafiento na língua da lua
Nasce o dia na algibeira do mendigo
E chora sob as mandibulas do orgasmo
O prostituto intelectual sorri
E a cada dia que acorda
Uma sombra cresce-lhe na testa…