Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

07
Nov 11

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:48

(dedicado à noite de Lisboa)

 

Há uma corrente de aço

Que aprisiona as minhas mãos aos braços do rio

Há um barco enorme à deriva no rio

Há um rio sem fundo

Que engole o barco

E as minhas mãos e a corrente de aço

 

Há o meu corpo travestido nas esquinas da cidade

Espera pelo engate

E que a luz da vida se acenda

Há um corpo que vagueia nas sombras da pobreza

E que procura migalhas no pavimento da cidade

E a cidade ergue-se e voa em direção ao mar

 

Há uma corrente de aço

Que aprisiona as minhas mãos aos braços do rio

Há um barco enorme à deriva no rio

E nas esquinas da cidade

Há o meu corpo travestido

Encadeado pelas sombras da noite

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:11

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:34

 

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:24

(desenho de Luís Fontinha/MiLove)

 

Vejo-te prisioneira nas teias de aranha da noite

No teu rosto pingos de chuva se desprendem

E eu

Eu

Vejo-te prisioneira

Nas teias de aranha da noite

 

E não sou capaz de descruzar os braços

Pegar em ti

E levar-te para as nuvens onde vivo

E eu

Eu

Um covarde

 

Um covarde que não é capaz de descruzar os braços

E pegar em ti

E limpar-te os pingos de chuva…

Que se desprendem do teu rosto

Vejo-te prisioneira nas tei… de aranh.. noite

E tenho medo de tocar-te

 

E tenho medo que ao tocar-te

Desapareças entre as teias de aranha da noite

E o teu corpo se transforme em pedacinhos de algodão

E mel

Vejo-te

E não te toco porque sou covarde

publicado por Francisco Luís Fontinha às 16:43

Conseguirás imaginar-me sentado junto ao rio

Ancorado a um pedaço de xisto

A fingir que sou feliz

A fingir

Adormecido entre a clareira dos socalcos

 

E as conversas anónimas

Desisto

Hesito

E ao de leve faço desenhos na água

Que a maré engolirá quando chegar a noite

E desaparecem como desapareceram os meus sonhos

 

O que são os meus sonhos?

Desenhos construídos sobre a água de um rio

Pintados com pedacinhos de lágrimas

Hesito

Desisto

De fazer desenhos na água do rio

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:31

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